Após uma carreira bem-sucedida como roteirista em filmes como Extermínio e Não Me Abandone Jamais, Alex Garland construiu uma reputação como diretor com filmes como Ex_Machina: Instinto Artificial, Aniquilação e Men - Faces do Medo, cada um buscando levantar questões sobre identidade, opressão e dinâmicas de poder à sua maneira. Guerra Civil (Civil War) leva essas reflexões não tanto para o campo de batalha (como seu título pode sugerir), mas para o campo do jornalismo. A trama, em forma de road movie, se passa em uma distopia futura próxima, onde a polarização política nos Estados Unidos dividiu o país em facções em guerra sob um governo corrupto e autoritário. Com o presidente (Nick Offerman) próximo da derrota, um grupo de jornalistas veteranos (Kirsten Dunst, Wagner Moura e Stephen McKinley Henderson), junto com uma jovem fotógrafa (Cailee Spaeny, de Priscilla), decide embarcar em uma jornada perigosa para conseguir uma entrevista exclusiva e documentar o progresso da guerra. Mais do que refletir sobre a polarização política nos Estados Unidos, a abordagem de Garland é mais um reflexo do papel desempenhado pelo jornalismo e pela mídia nesse sentido. Talvez não diga nada realmente novo ou profundo sobre o assunto, e sua fascinação com o deterioro político da nação americana é quase exploratória. Mas como entretenimento, é um filme verdadeiramente absorvente, e todo o elenco é fenomenal.
A Netflix segue firme e forte na tentativa de criar grandes franquias de filmes que sustentem o crescimento da plataforma e atraiam novos assinantes. ‘Agente Oculto’ é justamente isso: com um orçamento enorme (US$ 200 milhões, nível Marvel Studios), traz os diretores e irmãos Joe e Anthony Russo (de ‘Vingadores: Ultimato’) liderando um elenco estrelado, que inclui Ryan Gosling, Chris Evans, Ana de Armas, Wagner Moura e muitos mais. O resultado final é bem executado, cheio de ação e cenas de tirar o fôlego. Falta, no entanto, justamente a alma que crie uma legião de fãs para justificar o estabelecimento de uma franquia. Seria melhor deixar mais simples, com personagens mais simpáticos e com uma câmera menos tremida. Agora, ainda que seja esquecível, ‘Agente Oculto’ entrega um bom entretenimento, cheio de explosões e altos riscos envolvidos. Se você é fã de ação, vale o play. Clique aqui para ler a crítica completa.
Depois de dirigir um documentário sobre o diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello, o cineasta Greg Barker decidiu levar a história para a ficção neste drama exclusivo da Netflix. E não é uma tarefa fácil: afinal, o diplomata, de alto cargo na ONU, viveu muitas vidas. Apaziguou guerras, cessou conflitos, fez acordos globais. Na intimidade, teve problemas, amou, sofreu. E ainda que Barker tenha acertado o tom desse mosaico de sentimentos, quem rouba a atenção em ‘Sergio’ é o protagonista Wagner Moura. O ator, que tem uma boa química com Ana de Armas em cena, traz confiança para o papel. Fala em inglês, francês, espanhol, português. Se emociona, alavanca a sensibilidade da situação. Mostra, assim, que é um dos grandes atores da atualidade. Pena que o filme se perde em alguns momentos, caindo em ritmo e emoção. Se fosse mais consistente, principalmente em termos de roteiro, seria o grande filme da carreira de Wagner Moura. Mas o essencial está aqui: boa trama, atuação exemplar e a história de um brasileiro chegando ao mundo todo.
Dirigido pelo cineasta francês Olivier Assayas ('Personal Shopper') e parte da seleção oficial do Festival de Veneza em 2019, a primeira coisa que chama a atenção em ‘Wasp Network: Rede de Espiões’ é o elenco ibero-americano de dimensão internacional: Penélope Cruz ('Todos Já Sabem'), Gael García Bernal ('Ema'), Ana de Armas ('Entre Facas e Segredos'), Edgar Ramírez ('A Noite Mais Escura'), Wagner Moura ('Sergio') e Leonardo Sbaraglia (‘Dor e Glória’). Baseado no livro 'Os Últimos Soldados da Guerra Fria', do jornalista brasileiro Fernando Morais, este suspense semi-biográfico recria a verdadeira história de espiões cubanos em solo americano, com uma direção dinâmica e elegante que, embora incomum no dentro da filmografia de Assayas, é muito bem realizada. O roteiro é mais problemático, pois se envolve e tropeça em seu próprio peso devido ao excesso de personagens e subtramas. No entanto, se você gosta de thrillers políticos - e ainda melhor, baseados em eventos reais -, vale a pena assistir.