O Quarto ao Lado (The Room Next Door) é o primeiro filme de língua inglesa do cineasta premiado Pedro Almodóvar e traz performances excepcionais de Tilda Swinton (Precisamos Falar Sobre o Kevin) e Julianne Moore (Para Sempre Alice). A trama aborda temas universais como amizade, mortalidade e as nuances das relações humanas. Embora o início possa parecer um pouco rígido, especialmente nas cenas de flashback, o filme rapidamente encontra seu ritmo ao focar na dinâmica entre as duas protagonistas. A química entre Swinton e Moore é palpável e dá vida a diálogos tocantes e momentos de verdadeira conexão. Exibido nos Festivais de Veneza e do Rio, O Quarto ao Lado é uma das joias de 2024 e destaca-se como mais um grande trabalhos na filmografia de Almodóvar. Com esses três nomes de peso na produção, não tínhamos dúvidas. É um convite para refletir sobre a vida, as escolhas que fazemos e o poder dos laços que nos unem.
Asteroid City poderia ser descrito como o filme mais "Wes Anderson" de Wes Anderson (A Ilha dos Cães, O Grande Hotel Budapeste), no sentido de que o diretor não só reafirma seu estilo - com todos os seus artifícios -, mas desde o início é consciente deles. A história aqui é enquadrada como uma obra teatral sobre a remota aldeia homônima, onde acontece uma convenção espacial para jovens intelectuais privilegiados, onde acontecimentos de implicações existenciais ocorrem. Através de uma trama absurda e usando sua típica elenco de atores - com alguns novos nomes como Tom Hanks, Margot Robbie e Maya Hawke -, Anderson nos apresenta situações que fazem arte e ciência convergirem na experiência espiritual de não entender nada, mas ainda assim procurar um propósito. Para aqueles que não são fiéis seguidores do diretor, esse filme pode não caber em suas sensibilidades. No entanto, fãs do cineasta e do seu peculiar estilo vão adorar.
Dirigido, escrito e protagonizado pelo comediante salvadorenho Julio Torres (Los Espookys), Problemista é uma comédia que apresenta uma premissa absurda e não se preocupa com sua credibilidade, mas sim abraça seu ridículo sem mais. Em um tempo não especificado, em Nova York, Álex (Torres) aspira ser inventor de brinquedos na Hasbro, com ideias tão absurdas quanto Barbies com os dedos cruzados ou bonecas Cabbage Patch com celulares. Para sobreviver, trabalha em uma clínica de criogenização que congela pacientes para acordarem no futuro (embora não haja garantia de que tal tecnologia venha a existir). Quando é demitido, aceita o trabalho como assistente da neurótica Elizabeth (Tilda Swinton, tão bem como sempre), que tem a ideia irreal de curar uma exposição com as pinturas de seu marido artista, um dos pacientes congelados. Com um design de produção que se regozija no camp (mais próximo de Roger Waters do que de Pedro Almodóvar), utilizando fantasias baratas e efeitos especiais digitais absurdos, Torres constrói uma atmosfera surrealista e divertida que ironiza sobre as retorcidas dificuldades de viver nos Estados Unidos (para os imigrantes latinos, principalmente), o egocentrismo banal e estúpido das elites culturais e o absurdo do corporativismo. Sua excentricidade pode repelir alguns, mas se você encarar dessa forma, sairá da sala de cinema tendo visto algo irrepetível.
The Killer é o remake do filme clássico de John Woo dos anos 1980, de mesmo título, e que traz algumas mudanças consideráveis. Ao invés de um homem como protagonista, é a vez de Zee (Nathalie Emmanuel), uma mulher que trabalha como assassina profissional. Na história, acompanhamos essa jovem na missão de se redimir na tentativa de recuperar a visão de uma bela e jovem cantora. Um filme com o estilo marcante de Woo, que não se deixa abater pelas mudanças no cenário de cinema de ação, e impõe sua forma de compreender o que é cinema -- por mais que soe antiquada aqui e ali, mas sem atrapalhar a experiência. Um filme divertido e que reafirma John Woo como um dos grandes diretores de ação.
Remake do filme italiano de mesmo nome, lançado originalmente em 1977. A direção é de Luca Guadagnino (de ‘Me Chame Pelo Seu Nome’), que explora os temas abordados pela história de forma grandiosa e desafiadora, mas que flerta com o bizarro em alguns momentos, em um resultado final que pode não ser para todos os gostos. O fato é que a mistura de arte (por meio da dança) e de terror sobrenatural continua soando interessante, ficando ainda mais encorpada com um elenco que inclui nomes como Chloë Grace Moretz (‘Kick-Ass’), Tilda Swinton (‘O Grande Hotel Budapeste’) e Dakota Johnson (’Cinquenta Tons de Cinza’). Ainda que confuso, ‘Suspiria’ deve agradar aos fãs de um terror mais artístico.