Uma década após "Vidas ao Vento", o mestre da animação Hayao Miyazaki retorna com outra ambiciosa obra do Studio Ghibli, também uma de suas mais pessoais. Ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, "O Menino e a Garça" é a história de Mahito, um garoto que, pouco depois de perder a mãe em um incêndio, muda-se com o pai para a província do Japão, onde precisa se adaptar a uma nova vida com sua nova madrasta, Natsuko, irmã de sua mãe. Levando uma vida solitária, Mahito explora os arredores de sua nova casa, onde logo é atraído para um mundo mágico pela presença de uma garça misteriosa. O que se segue é um conto ainda mais ancorado no surrealismo do que "A Viagem de Chihiro" (o que já é dizer muito), no qual Miyazaki explora tantas ideias e abre tantas portas que, às vezes, pode parecer difícil de seguir (ou entender o que ele quer dizer com a afirmação de que o filme tem tons autobiográficos). É a extravagância do diretor em seu estado mais radical e puro, talvez não seja o melhor filme para se aproximar dele. No entanto, para seus fãs, será mais um autêntico deleite ver o nível de detalhe, ambição e cuidado em sua animação, tão tangível que permite sentir a consistência de uma cama ou o movimento realista de um líquido, tudo a serviço de uma história que, apesar de seus elementos mais alucinantes, nunca deixa de lado a emotividade. Leia nossa crítica completa de O Menino e a Garça.
O Studio Ghibli é associado, quase de forma inseparável, ao nome de Hayao Miyazaki, mestre da animação que foi um dos cofundadores e diretor de quase todas as animações mais icônicas do estúdio, como Meu Amigo Totoro ou A Viagem de Chihiro. Por isso, é fácil esquecer outro cofundador e mestre da animação igualmente talentoso: Isao Takahata, criador de obras-primas não tão fantasiosas, mas igualmente magistrales, como Memórias de Ontem. Seu filme mais reconhecido é Túmulo dos Vagalumes, baseado no romance homônimo do escritor Akiyuki Nosaka, inspirado em suas experiências como jovem durante a Segunda Guerra Mundial. A história segue o adolescente Seita e sua irmã pequena, Setsuko, que ficam órfãos e desamparados após os bombardeios americanos em Kobe, Japão. O filme retrata com fidelidade as dificuldades enfrentadas por muitas crianças no Japão durante a guerra, e, embora não caia no miserabilismo, também não poupa o espectador ao retratar a dura realidade à qual os protagonistas são lançados. É um dos filmes mais autênticos, comoventes e devastadores já feitos sobre a Segunda Guerra Mundial. Eu, pelo menos, não consegui assisti-lo mais de uma vez.
Baseado em seu próprio mangá homônimo de 1982, 'Nausicaä do Vale do Vento' é apenas o segundo longa-metragem como diretor de Hayao Miyazaki. E embora não tenha sido produzido pelo Studio Ghibli, o longa-metragem está eternamente associado à empresa por apresentar várias das marcas que definiriam seu trabalho posterior. É uma fábula de pacifismo, com uma estética steampunk marcante e uma moral sobre a coexistência da humanidade com o mundo natural que a cerca, lindamente animado, adequado para toda a família e essencial para fãs de Miyazaki. Afinal, foi aqui que ergueu-se a base do trabalho que viria a ser amplamente apreciado no futuro, com clássicos como ‘Meu Amigo Totoro’.
Este é o terceiro longa-metragem animado de Hayao Miyazaki e o trabalho de estreia do agora prestigiado Studio Ghibli. E foi uma entrada arrebatadora. Afinal, ‘O Castelo no Céu’ não é apenas um filme bonito por si só, com sua pungente história de aventura com influências steampunk. De alguma forma, ele também captura a essência das futuras produções de estúdio: animação colorida de alto nível para dar vida nessas belas fábulas da infância, esperança, pacifismo e a relação humana com a natureza e a tecnologia. Um clássico imperdível, se você é um fã de cinema de animação ou não.
Um dos filmes mais singelos e simpáticos do Studio Ghibli e do diretor Hayao Miyazaki, ‘Meu Amigo Totoro’ é daquelas pérolas que merecem ser vistas, revistas e apresentadas aos filhos, sobrinhos, netos e afins. Afinal, com uma delicadeza característica dos filmes do estúdio japonês, aqui acompanhamos a jornada de duas irmãs que precisam se mudar para uma casa rural com o pai, enquanto a mãe passa por um tratamento no hospital. A partir daí, as duas passam a interagir com uma criatura da natureza, apelidada de Totoro. É uma jornada particular muito emocionante, recheada de momentos sensíveis e profundos, ainda que a narrativa em momento algum comprometa o seu tom infantil e direcionado para os menores. Difícil não ter vontade, enquanto sobem os créditos, de ter seu próprio Totoro.