Ao lado de ‘Ben-Hur’, ‘Titanic’ é o filme com o maior número de estatuetas do Oscar na história – 11. Um épico de James Cameron, que certamente faz parte da história do cinema. Veja-o pela história de amor entre Jack e Rose. Ou pelos seus efeitos especiais. Pela crítica social. Ou ainda pela quase perfeita reconstituição do naufrágio do Titanic. Os motivos não importam: este será um grande longa-metragem, não importando por qual lado queira olhar.
Essa mistura de ficção científica com terror é mais um bom exemplo, assim como ‘Alien’, de como esses dois gêneros trabalham bem em conjunto. Dirigido por David Cronenberg (de filmes tão provocativos quanto, como ‘Gêmeos’ e ‘Crash’), o longa-metragem conta a história de um cientista (Jeff Goldblum) que desenvolve uma máquina de teletransporte com sucesso. No entanto, as coisas começam a ir mal quando ele faz, sem querer, uma viagem pelo dispositivo com a presença de uma mosca dentro da cabine de teletransporte. Os genes dos dois se misturam. Humano e mosca. Aos poucos, então, esse cientista começa a se metamorfosear em uma criatura horrenda. Chocante, ousado e muito criativo, o longa-metragem tem algumas cenas de revirar o estômago -- a maquiagem de ‘A Mosca’, não é à toa, foi agraciada com o Oscar da categoria em 1987. Mas o filme é mais do que choque e horror. Com uma atuação marcante e certeira de Goldblum (‘Jurassic Park’), a produção também explora os limites do ser humano em um mundo cada vez mais conectado e tecnológico. E, afinal, há uma ironia muito fina nessa história: será que, com a gente cada vez mais imerso dentro de tecnologias, não estamos simplesmente regredindo?
Os irmãos Coen possuem um estilo narrativo bem particular, que atingiu seu ápice em ‘O Grande Lebowski’: situações absurdas que vão se acumulando até chegar em um ponto insustentável. Na comédia ‘Arizona Nunca Mais’, essa base narrativa se dá a partir de uma das premissas mais curiosas do cinema dos dois irmãos: um ladrão de lojas de conveniência (Nicolas Cage) pede em casamento uma fotógrafa do departamento de polícia (Holly Hunter). Tudo vai às mil maravilhas até que eles descobrem que ela não pode ter filhos e, ainda por cima, são rejeitados pelas agências de adoção da cidade. A partir disso, ‘Arizona Nunca Mais’ mostra os desafios da paternidade sob uma ótica curiosa: a desse casal que decide, enfim, sequestrar um bebê. Com uma atuação divertidíssima de Cage, que consegue passar realismo ao absurdo da situação, o longa-metragem se firma como um filme sobre famílias e as complexidades de se formar um núcleo familiar tradicional.