Este singelo filme é uma das produções mais cândidas e dóceis dos últimos tempos. Se trata de um falso documentário que retrata a vida de uma pequena conchinha, animada em stop motion, que vive com sua avó, igualmente animada, em um Airbnb no mundo real. Marcel (dublado por Jenny Slate) possui um jeito peculiar de levar a vida, adaptando todas as necessidades diárias para alguém de seu tamanho (que é realmente muito pequeno, com 2 centímetros). Seu cotidiano é retratado por Dean (interpretado pelo diretor do filme, Dean Fleischer Camp), um hóspede do Airbnb que toma grande interesse no universo de Marcel, e assim começa a documentá-lo e postar na internet, o transformando instantaneamente em uma celebridade. O conceito do filme por si só já se garante, e observar uma pequena conchinha executando tarefas cotidianas já é entretenimento o suficiente. Mas, por trás dessa história criativa, o filme ainda reserva um enorme coração. A história fala sobre família, pertencimento e adaptação às adversidades, em uma narrativa que flui entre emoções, nos fazendo alternar entre riso e choro sem nem percebermos. Filme para adultos, crianças, para ver em família, em encontro ou sozinho. Um filme extremamente simpático, divertido e emocionante que deve agradar a qualquer pessoa!
Crescendo vendo As Tartarugas Ninja na série animada ou nas suas primeiras produções cinematográficas, a parte de Teenage (“adolescentes” em inglês) do título original (Teenage Mutant Ninja Turtles) não era algo que se via refletido neles. Por fim, com Tartarugas Ninja: Caos Mutante, as quatro protagonistas finalmente parecem tal: jovens imaturos mas bem-intencionados que apenas procuram um lugar no mundo, mais próximos dos personagens desajeitados de Superbad que de guerreiros estóicos e violentos. Com um estilo visual espetacular semelhante ao de Homem-Aranha: No Aranhaverso, esta produção dá uma nova camada de pintura à franquia para novas gerações, e mesmo que as suas liberdades criativas não agradem os fãs mais puristas, é uma proposta muito divertida que aborda temas como a intolerância e a aceitação. Leia mais na nossa crítica completa de Tartarugas Ninja: Caos mutante.
Transformers One é uma animação que dá um novo ar para a franquia, que ficou tantos anos sob a batuta das explosões e da câmera lenta de Michael Bay. Aqui, esse universo é reimaginado a partir das origens dos Autobots e dos Decepticons, explicando melhor como surgiu essas duas equipes dentre o universo com carros que se transformam em robôs. É uma história de origem criativa, proporcionando aos fãs dos personagens um vislumbre interessante em um mundo sem Mark Wahlberg, Megan Fox e outros humanos, dando destaque total para as máquinas. Apesar de faltar certa ousadia e originalidade, ficando atrás de outras animações para adultos como Homem-Aranha no Aranhaverso, Transformers One ainda assim conta uma história que empolga, que muda o tom da franquia e que tem o que contar -- dando um gostinho de quero mais ao final.
Meu Malvado Favorito 4 (Despicable Me 4) pode parecer um excesso em uma franquia que já se consolidou e que, no momento de lançamento deste longa, já tinha três filmes sobre Gru e cia., dois sobre os Minions e muitos, muitos curtas. No entanto, o filme serve quase como um fechamento da história, mostrando os novos caminhos dessa família bastante disfuncional quando Gru dá as boas-vindas a um novo membro da família: seu filho, Gru Jr.. Além disso, enquanto lida com o pequeno, as coisas ficam desafiadoras quando um mentor do crime escapa da prisão e jura vingança contra Gru. Um filme com uma história simples, divertida e que deve empolgar as crianças -- e não muito os adultos.
Robô Selvagem (The Wild Robot) é mais uma demonstração de que a DreamWorks tem o necessário para ser um dos estúdios de animação que oferecem filmes que vão além do entretenimento, tornando-se obras de arte com coração (Gato de Botas 2: O Último Pedido já havia sido outro sinal disso). Baseado no livro infantil homônimo de Peter Brown, o filme conta a história de "Roz" (voz em inglês de Lupita Nyong'o), um robô de serviço que desperta em uma ilha sem humanos, habitada apenas por animais e pela natureza, sem saber como ou por que chegou ali. O destino a leva a cuidar de um filhote de ganso (voz em inglês de Kit Connor) com a ajuda de uma raposa (voz de Pedro Pascal), e ela deve aprender a fazer parte da natureza. É uma história terna sobre encontrar propósito e aprender a respeitar todas as formas de vida no mundo, parecida, em alguns aspectos, com WALL-E da Pixar, mas com um estilo de animação mais inovador que integra elementos 3D e animação tradicional para emular a aparência das ilustrações de um livro. Às vezes, tropeça em certa indulgência pela ação e há questões de fundo a serem levantadas – no texto do livro é uma coisa, mas por que sempre imaginamos que os personagens que cuidam e protegem são femininos? –. No entanto, Robô Salvagem é um filme visualmente belo que abraça o coração. Um dos melhores da DreamWorks.