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Nos EUA, Universal e AMC assinam acordo histórico para o streaming
Agora, os filmes da Universal poderão estrear no video on demand apenas três finais de semana após o lançamento nos cinemas da AMC - que ficará com parte da receita da internet
Matheus Mans | 28/07/2020 às 18:34 - Atualizado em: 30/07/2020 às 12:55
A Universal Pictures e a rede de cinemas AMC fecharam um acordo que surpreendeu o mercado. De acordo com a CNN, as empresas entraram em consenso em reduzir a janela de distribuição para 17 dias nos EUA. Anteriormente, eram 70 dias para lançar um filme em video on demand.
- Leia também: Após pandemia, cinema deverá passar por mudanças
Com isso, filmes como '007: Sem Tempo para Morrer' e 'Velozes & Furiosos 9' poderão ir direto para o streaming apenas três finais de semana -- ou, então, 17 dias -- depois da estreia tradicional em cinemas. A AMC, enquanto isso, irá abocanhar 20% dos lucros dos filmes em venda e aluguel digital.

É difícil imaginar, porém, que tais filmes cheguem direto no Peacock, o serviço de streaming da Universal Pictures. Ainda que detalhes do acordo não tenham sido revelados, os longas devem ir para plataformas de compra e aluguel como iTunes e Google Play, cobrando um valor um pouco acima do convencional.
Por enquanto, o acordo é válido apenas entre AMC e Universal. No entanto, espera-se que outros estúdios e outros cinemas, agora, corram para tentar fechar acordos ao redor do mundo. Afinal, esta nova forma de distribuição pode abrir um precedentes inigualável e abalar o mercado audiovisual.
"A experiência nos cinemas continua a ser a pedra angular dos nossos negócios", afirmou Donna Langley, presidente da Universal, em comunicado. "A parceria com a AMC é impulsionada por nosso desejo de garantir um futuro próspero para o ecossistema de distribuição".
Ainda não há informações de como a filial brasileira da Universal Pictures irá proceder com esse novo anúncio. Mas é possível que algum acordo do tipo também seja feito. Seria uma maneira, assim, de combater a pirataria desses filmes que serão lançados de maneira mais rápida nos EUA.

Pioneirismo da Universal Pictures
Este não é o primeiro movimento surpreendente da Universal Pictures em direção ao mercado de video on demand. Logo no início da pandemia, o estúdio quebrou a ordem da janela de distribuição e lançou 'Trolls 2' direto em VoD. Depois, a Universal disse que queria lançar o filme nos cinemas.
Foi a deixa para um mal-estar generalizado no setor. Afinal, grandes redes de cinema (incluindo a própria AMC) disseram que isso era uma quebra da ordem de lançamentos e de acordos com exibidores. Foi o bastante para grandes redes anunciarem que não exibiriam nenhum filme do estúdio.
Ao Filmelier, especialistas se posicionaram no sentido de que essa janela de distribuição já estava fadada ao fracasso em um período pós-pandemia.
“O espectador sentiu o gostinho de liberdade que o streaming pode dar. Agora duvido que tudo poderá voltar ao que era antes”, afirma Omarson Costa, executivo do setor. “Vender direto para o consumidor poupa tempo, dinheiro, energia gasta. Agora, já estamos vivendo um novo momento”.
Acordo sem precedentes
Até hoje, o principal entrave para uma janela curta no streaming sempre foram os exibidores. Os donos de cinema exigiam um período de exclusividade de três meses - e, caso isso não fosse respeitado, boicotariam o estúdio.
Como os cinemas tradicionais ainda são uma grande receita para os distribuidores, a pressão funcionou - até chegar a pandemia. O sucesso de 'Trolls 2' no video on demand revelou a mudança no paradigma, levando ao acordo entre Universal e AMC.

Jornalista especializado em cultura, gastronomia e tecnologia, cobrindo essas áreas desde 2015 em veículos como Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites. Já participou de júris de festivais e hoje é membro votante da On-line Film Critics Society. Hoje, é editor do Filmelier.

Jornalista especializado em cultura, gastronomia e tecnologia, cobrindo essas áreas desde 2015 em veículos como Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites. Já participou de júris de festivais e hoje é membro votante da On-line Film Critics Society. Hoje, é editor do Filmelier.
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