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Nos EUA, Universal e Cinemark assinam novo acordo de streaming
Acordo é similar ao que foi firmado com a rede AMC, em que exibidores passam a receber uma fatia dos ganhos da Universal Pictures com lançamentos em video on demand
Matheus Mans | 16/11/2020 às 20:12 - Atualizado em: 17/11/2020 às 10:30
Depois da Universal Pictures fechar um acordo histórico com a AMC, a rede de cinemas Cinemark negou que faria algo similar. No entanto, três meses depois, o cenário mudou. O site Deadline confirmou nesta segunda-feira, 16, que vai fazer um acordo com o estúdio para conteúdo no streaming, reduzindo o espaço entre os cinemas e as estreias em video on demand.
Funciona assim: os filmes do estúdio que renderem mais de US$ 50 milhões na estreia ficam exclusivamente nos cinemas por 31 dias. Depois disso, vão pro streaming. Já os longas que não atingirem esse valor passam a ter permissão para entrar em premium VOD (PVOD) com 17 dias nos cinemas. São condições similares com as acertadas com a rede concorrente, AMC.

Dessa forma, até mesmo grandes lançamentos da Universal Pictures chegam cedo ao streaming, como a franquia 'Velozes & Furiosos' e '007'.
Os termos do acordo são confidenciais, mas o Deadline trouxe algumas informações a mais. Segundo a publicação, 10% das receitas de um filme em PVOD são reservadas para o mercado exibidor. Dessa fatia, AMC e Cinemark recebem, respectivamente, 15% e 17%. Isso equivale a cerca de 1% e 2% do faturamento do estúdio com o premium video on demand.
Recentemente, Adam Aron, CEO da AMC, se pronunciou sobre o lançamento do longa-metragem 'Kajillionaire' nessa janela encurtada. "Nós da AMC ganhamos mais dinheiro com o combo teatral de PVOD do que ganharíamos se fosse exibido exclusivamente em cinemas com janela de 74 dias”, disse o executivo, em trecho destacado também pela publicação do site Deadline.
Ainda não há informações de como a filial brasileira da Universal Pictures e a rede de cinemas Cinemark rá proceder com esse novo anúncio nos EUA.
Pioneirismo da Universal Pictures
Este não é o primeiro movimento surpreendente da Universal Pictures em direção ao mercado de video on demand. Logo no início da pandemia, o estúdio quebrou a ordem da janela de distribuição e lançou ‘Trolls 2’ direto em VoD. Depois, a Universal disse que queria lançar o filme nos cinemas.

Foi a deixa para um mal-estar generalizado no setor. Afinal, grandes redes de cinema (incluindo a própria AMC) disseram que isso era uma quebra da ordem de lançamentos e de acordos com exibidores. Foi o bastante para grandes redes anunciarem que não exibiriam nenhum filme do estúdio.
Ao Filmelier, especialistas se posicionaram no sentido de que essa janela de distribuição já estava fadada ao fracasso em um período pós-pandemia.
“O espectador sentiu o gostinho de liberdade que o streaming pode dar. Agora duvido que tudo poderá voltar ao que era antes”, disse Omarson Costa, executivo do setor, na época do acordo entre Universal e AMC. “Vender direto para o consumidor poupa tempo, dinheiro, energia gasta. Agora, já estamos vivendo um novo momento”.
Acordo sem precedentes
Até antes da pandemia do novo coronavírus, o principal entrave para uma janela curta no streaming sempre foram os exibidores. Os donos de cinema exigiam um período de exclusividade de três meses para lançamento em streaming – e, caso isso não fosse respeitado, boicotariam o estúdio.
Como os cinemas tradicionais ainda são uma grande receita para os distribuidores, a pressão funcionou – até chegar a pandemia. O sucesso de ‘Trolls 2’ no video on demand revelou a mudança no paradigma, levando ao acordo entre Universal e AMC e, agora, com a rede de cinemas Cinemark.

Jornalista especializado em cultura, gastronomia e tecnologia, cobrindo essas áreas desde 2015 em veículos como Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites. Já participou de júris de festivais e hoje é membro votante da On-line Film Critics Society. Hoje, é editor do Filmelier.

Jornalista especializado em cultura, gastronomia e tecnologia, cobrindo essas áreas desde 2015 em veículos como Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites. Já participou de júris de festivais e hoje é membro votante da On-line Film Critics Society. Hoje, é editor do Filmelier.
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