Crítica de ‘Meu Malvado Favorito 4’: Filme de brinquedo Crítica de ‘Meu Malvado Favorito 4’: Filme de brinquedo

Crítica de ‘Meu Malvado Favorito 4’: Filme de brinquedo

Com franquia já desgastada, ‘Meu Malvado Favorito 4’ parece servir apenas para vender mais brinquedos na loja

Matheus Mans   |  
9 de julho de 2024 23:45

Não dá para dizer que a franquia Meu Malvado Favorito seja lembrada por suas histórias. A história de Gru e cia. ficou mais marcada na cultura popular pelos divertidos minions, essas criaturas amarelas e pequenas que balbuciam frases sem sentido e que fazem as crianças gargalharem. Mas quais são, exatamente, as histórias dos filmes? Duvido que alguém lembre com precisão. Ainda assim, o novo Meu Malvado Favorito 4 consegue ser o mais esquecível da saga.

Estreia da última quinta-feira, 4, o longa-metragem é o quarto capítulo da história de Gru e sua família, mas o sexto filme se contarmos os longas individuais dos minions — fora os vários curtas envolvendo as criaturas amarelas e até o cachorro da família. Todos com mais foco na graça histriônica de seus personagens do que nas histórias pra contar.

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Neste quarto capítulo, porém, a coisa parece escalar ainda mais, como acontece sempre nas franquias mais frágeis, que precisam sempre engrandecer as sequências para se justificarem. Na trama, Gru vai prender um vilão na reunião de sua escola (sem motivo algum, mas tudo bem). É um homem que se transforma em barata, na pior referência kafkiana possível. Só que o tal vilão consegue fugir da prisão posteriormente e a família de Gru se torna alvo fácil.

E é aí que entra a motivação do filme como um todo: Gru precisando se voltar à família enquanto muda de identidade e tenta fugir da ameaça do homem-barata. Pode parecer empolgante falando assim, mas já adianto que não é. Meu Malvado Favorito 4 basicamente coloca toda a tensão e explicação da trama nos 20 minutos iniciais, em uma salada de referências que vai de James Bond à comédia adolescente, e depois fica dando voltas e voltas e voltas sem fim.

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Durante cerca de uma hora, o longa-metragem não tem história pra contar. Assim, fica colocando um monte de esquetes dos personagens tentando viver a vida com suas novas identidades, mas nunca dando realmente certo. Uma nova personagem surge pedindo para que Gru seja seu mentor como vilão, mas tudo isso também é vazio de significado. Parece uma coletânea de curtas dos Minions misturadas pelos roteiristas Mike White e Ken Daurio.

Um minion dentro de uma máquina é a melhor coisa de Meu Malvado Favorito 4 (Crédito: Universal Pictures)
Um minion dentro de uma máquina é a melhor coisa de Meu Malvado Favorito 4 (Crédito: Universal Pictures)

Apenas duas sacadas acabam fugindo desse fluxo sem vida do quarto filme: a relação do novo filho de Gru, que o detesta, mas ama a mãe; e o minion que fica preso dentro de uma máquina de venda automática. São as únicas sacadas que realmente dão espaço para um risinho de canto de boca, como se abrissem espaço frente ao tédio.

De resto, Meu Malvado Favorito 4 é um filme sem história e sem propósito, que parece ter sido encomendado e feito pela Illumination Entertainment apenas para vender mais bonecos — do baby Gru, dos minions com poderes especiais (talvez a maior bobagem de toda a franquia, sem qualquer necessidade ou vínculo com a história) e das baratas que se comportam como… os minions, é claro. É o possível fim da franquia original (com outros dois filmes dos minions já no forno) do pior jeito possível, sem trazer nada de novo e apenas correndo atrás da venda de bonecos para as crianças.

É um caminho bastante diferente do que os grandes estúdios estão fazendo com os principais filmes de animação. Não precisam ser mais adultos — isso é uma besteira sem propósito. Só é preciso ter vontade de contar algo de novo, como aconteceu com Gato de Botas 2, por exemplo, ou até em alguns lançamentos da Netflix, como Nimona. E aí fica a pergunta: será que há espaço para filmes assim ainda? Acredito que não. Fui na sessão convencional para assistir ao filme e um menino de cerca de três ou quatro anos, ao meu lado, reclamou que o filme era bobo demais. Pois é.

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