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Nos EUA, cinemas e estúdios seguem confiantes com reabertura em julho
Executivos da Disney e da Sony acreditam que cinema em casa não é viável a longo prazo e que público quer voltar aos cinemas
Raíssa Basílio | 18/06/2020 às 12:58 - Atualizado em: 19/06/2020 às 21:15
Os norte-americanos estão esperançosos em relação a reabrir os cinemas, que foram fechados em março por conta da pandemia de coronavírus. O vírus continua crescendo em alguns estados, mas ainda assim alguns estúdios acreditam que em julho será possível o público voltar as salas de exibição e com grandes lançamentos.
'Mulan' e 'Tenet' são as possíveis estreias, o novo filme de Christopher Nolan deve ser lançado em 31 de julho e o live-action da Disney chega antes, no dia 24. Os principais cinemas nos EUA - incluindo AMC, Regal e Cinemark - planejam reabrir em 10 de julho.
"No mínimo, isso mostra que os estúdios estão sendo muito, muito cautelosos", disse Eric Wold, analista do Wall Street, ao The Hollywood Reporter. "Se houver algum risco, os estúdios não hesitarão em mudar seus filmes novamente".

Já durante um painel virtual realizado na quarta-feira, 17, executivos desses principais estúdios também se mostraram otimistas com a eminente reabertura das salas de exibição.
Cathleen Taff, presidente global de distribuição da Disney, afirmou que os exibidores terão “excesso” de lançamentos, mas que a “experiência de assistir a filmes em casa” não é sustentável a longo prazo.
Segundo destacou o site Variety, a executiva revelou que estava se preparando para enfrentar “um pouco de ceticismo” no processo de reabertura. “O desafio para nós, como produtora, é que os filmes tenham destaque”, disse. No entanto, agora, ela diz estar observando um movimento intenso no mercado americano e que a perspectiva é positiva.
“Acho que todos os sinais são bons e as pessoas querem voltar”, acrescentou a executiva da Disney, empresa que, durante a pandemia, lançou apenas ‘Artemis Fowl’ direto no Disney+. “As pessoas querem voltar aos cinemas, querem ver um bom entretenimento em um ambiente seguro. Se cumprirmos isso, as pessoas vão querer voltar repetidas vezes ”, concluiu.
Novo normal
Nos Estados Unidos, Cinemark está adotando medidas para essa reabertura. Os funcionários passarão por testes frequentes, um chefe de limpeza e segurança será contratado para cada cinema e áreas “de alto toque” deverão ser higienizadas a cada 30 minutos.
A empresa também adotou vendas de ingressos apenas online. Enquanto isso, bomboniéres não irão aceitar pagamentos em dinheiro. E para assegurar o distanciamento, assentos adjacentes serão bloqueados já no ato da compra.

Os profissionais dos estúdios também destacaram a importância de mostrar ao consumidor que estão tomando cuidado e com todas medidas de segurança. “No começo, não será o mesmo. A boa notícia é que muitas das necessidades dos consumidores estão sob controle. Eles querem o distanciamento social, álcool em gel. Só não podemos sobrecarregá-los”, disse Taff, da Disney.
Depois, Mooky Greidinger, CEO da Cineworld, a segunda maior cadeia de cinema do mundo, ressaltou a impressão de Taff. “Temos que ter cuidado para não exagerar”, disse Greidinger, que acredita que a maioria dos clientes agora estará ciente de que precisa tomar cuidado “Não queremos criar uma atmosfera hospitalar nem correr atrás dos clientes a cada passo”.
E no Brasil?
Com os casos crescentes de covid-19 nos Estados Unidos, é difícil saber como ficará o futuro dos cinemas. Não só no exterior, mas no Brasil também. Jean-Thomas Bernardini, diretor da Reserva Cultural, disse ao Filmelier que só voltará a abrir suas salas, em São Paulo e no Rio de Janeiro, com segurança.
“Não estou entendendo nada. Afinal, a curva está subindo, a ciência mundial fala que é momento de quarentena. E já estão discutindo de abrir as salas? Não abro meu cinema”, afirma o francês ao Filmelier. “Não vou colocar em perigo clientes, meus funcionários. Há risco físico, psicológico. Se falarem para abrir semana que vem, não abro. Só com segurança”.
- Leia também: “Não abro meu cinema”, diz diretor da Reserva Cultural sobre flexibilização da quarentena
A flexibilização do isolamento social está ocorrendo em estapas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ainda assim, Bernardini não acha viável a reabertura dos cinemas. “Acredito que ainda precisamos de tempo para entender o que é necessário. Hoje, ainda somos vítimas de muitas interpretações políticas. Complicado", completou.
Papel do streaming
Ainda que o streaming tenha sido a “tábua de salvação” para muitas empresas do setor audiovisual, o já citado painel serviu para mostrar que os maiores estúdios ainda veem o streaming com ceticismo. Steven O’Dell, presidente da Sony Pictures, indicou isso. “Você pode ter a maior televisão possível em casa e as pessoas ainda estão desesperadas para sair”, disse.
Além disso, ele destacou o papel social das salas de cinemas. “Somos bestas sociais. É isso que os humanos são. Nosso objetivo é abraçarmos e socializarmos. Os filmes nos ajudam com isso”, declarou O’Dell durante o painel digital. O estúdio comandado por ele adiou a maioria das estreias para 2021, sem fazer grandes movimentos para os serviços de streaming.

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.
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