'Detetives do Prédio Azul 3' encerra ciclo de atores com trama na Patagônia
Elenco fala sobre desafios de filmagem na Terra do Fim do Mundo e como foi a emoção de se despedir dos detetives do prédio azul
Três crianças vestidas com capas coloridas e que, unidas por serem vizinhas no mesmo prédio azul, decidem investigar coisas "de outro mundo" que acontecem por aí. É com essa premissa simples e, até mesmo um pouco ingênua, que a franquia 'Detetives do Prédio Azul', ou apenas 'D.P.A.', fez sucesso estrondoso nas telinhas e telonas, com a medalha de ter batido 1 milhão de espectadores já com o primeiro filme, 'D.P.A. - Detetives do Prédio Azul: O Filme'.
Agora, o terceiro capítulo da saga nas telonas passa por dois desafios: encerrar ciclos e trazer as crianças de volta aos cinemas.
'D.P.A. 3: Uma Aventura no Fim do Mundo', que estreia na próxima quinta-feira, 21, mas já com sessões de pré-estreia nesta sexta-feira, 15, encerra ciclos por um motivo simples. Gravado há mais de dois anos, antes da pandemia de covid-19, o longa-metragem é o último desta geração de atores -- na televisão, aliás, outro elenco já assumiu a batuta. Eles já estão crescidos e, na coletiva de imprensa do filme, a diferença entre o que era visto na telona com o "ao vivo" era gritante. Todos eles já tiveram mudanças na voz e o comportamento é, claramente, de adolescentes.
Além disso, o filme é mais uma aposta forte da Globo Filmes em trazer o público de volta aos cinemas com a redução do impacto da pandemia de covid-19 em nossas vidas. 'Eduardo e Mônica' já fez mais de 300 mil bilhetes, principalmente com o público jovem adulto.
Agora, talvez seja a hora das crianças voltarem para a sala escura. Afinal, nesse meio tempo, apenas 'Encanto' parece ter surtido algum efeito em colocar as famílias completas dentro dos cinemas. A Disney apostou em colocar outros filmes no streaming, enquanto outros lançamentos não tiveram impacto.
Para o elenco, essa espera foi longa. Longuíssima, na verdade. Enquanto Ronaldo Reis, que interpreta o divertido porteiro Severino, acredita que o filme chega no tempo certo, dizendo que esta pode ser uma "super retomada do cinema nacional", as crianças indicam que estavam desesperadas.
"O filme é meio que um 'Benjamin Button'", diz Pedro Motta, ator do Detetive Pippo, sem medir muito as palavras. "Nossos filmes eram lançados dentro de seis meses. Esse já ia demorar, ia sair em 2020. Depois, ter esse distanciamento de tempo foi legal, foi uma experiência louca".
O mesmo impacto bateu em Nicole Orsini, a feiticeira Berenice. Ela, que ia fazer apenas uma participação especial na série e acabou se tornando a quarta detetive do grupo, se tornando fixa inclusive na geração seguinte, quase não se reconheceu na telona. "Me estranhei muito, mudei muito, fisicamente e na forma de atuar. Nos despedimos três anos atrás, tô gravando a série. Cada um seguiu seu caminho, mas é a mesma sintonia quando a gente se encontra", diz.
História de 'Detetives do Prédio Azul 3'
A trama de 'D.P.A. - Detetives do Prédio Azul 3: Uma Aventura no Fim do Mundo' é, sem dúvida alguma, a mais ousada, diferente e criativa das histórias contadas nos cinemas. Aqui, o porteiro Severino pega um medalhão, depois de quase cair de um penhasco. O que ele não sabe é que esse medalhão é mágico, transformando a sua personalidade -- tal qual o Gollum de 'O Senhor dos Anéis', enfeitiçado pelo O Anel. Severino, do nada, fica mau. E, ainda por cima, passa a ser perseguido por duas bruxas que querem pegar esse medalhão dele para espalhar ainda mais o mal por aí.
"O medalhão tem o lado do bem e do mal, isso me gerou uma concentração muito grande. Quando eu tinha que fazer vilão, ficava retraído, com pensamento tenebrosos", diz Ronaldo, que está no projeto desde o começo de 'DPA'. "A experiência de fazer o Severino mal foi sensacional. Minha vida se tornou muito melhor após entrar nesse projeto".
Na direção da história, Mauro Lima. Ainda que tenha dirigido 'Tainá 2', o cineasta é mais conhecido por suas histórias sobre figuras subversivas em 'Meu Nome Não é Johnny' e 'Tim Maia'. Por isso, há uma grande diferença na forma de conduzir 'DPA 3'.
"Entrei no projeto com todas as reservas feitas a mim mesmo", diz ele. "Minha filmografia é muito pautada em figuras reais, ícones do mau comportamento. Recebi esse convite, que foi um tanto peculiar. Eu mesmo me perguntei se eu deveria ser o sujeito na batuta desse projeto. Mas foi uma experiência prazerosa. Tinha a alegria própria da idade, mas no set lidava como se fosse um elenco adulto mesmo. Eu tinha mais a aprender com eles do que qualquer outra coisa. Essa osmose do que eu podia trazer do meu estilo, com a experiência deles, deu certo".
Além disso, outro complicador: enquanto o segundo filme se passa no calor da Itália, 'Detetives do Prédio Azul 3' viaja para a Terra do Fim do Mundo. É Ushuaia, na Patagônia argentina. É o mesmo local onde foi gravado o filme 'O Regresso', que rendeu o Oscar de Melhor Ator para Leonardo DiCaprio. "Conversei com um rapaz lá, que foi produtor local de 'O Regresso'. Ele contou que gravavam só na luz perfeita. Ficaram 28 dias e fizeram uma cena de 20 segundos. A gente fez nove páginas de roteiro. Fizemos gravação até em dia com 10 graus negativos", conta Lima, empolgado.
Nos bastidores, a produtora Juliana Capelini corria para fazer com que a gravação desse certo. "Cada lugar era completamente inóspito. A gente montava a nossa barraca. Os equipamentos congelavam, tudo congelava", conta.
Enquanto isso, Pedro não esconde que teve seus desafios em Ushuaia, mas que também se divertiu muito -- uma despedida em grande estilo. "Foi uma dificuldade imensa. Tava muito frio", diz o ator do Detetive Pippo. "Mas também tivemos folgas, pudemos ir com a nossa família. Também compramos nossos ímãs de geladeira", finaliza, aos risos.
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Jornalista especializado em cultura, gastronomia e tecnologia, cobrindo essas áreas desde 2015 em veículos como Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites. Já participou de júris de festivais e hoje é membro votante da On-line Film Critics Society. Hoje, é editor do Filmelier.
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