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Alvo de críticas, 'Sítio do Picapau Amarelo' vai virar filme em 2022

A produção trará uma história inédita com os clássicos personagens

Raíssa Basílio | 02/07/2020 às 11:13 - Atualizado em: 16/09/2020 às 00:40


Os famosos livros infantis do 'Sítio do Picapau Amarelo', de Monteiro Lobato, vão ganhar um filme. A Clube Filmes anunciou o lançamento para 2022 e já divulgou o primeiro pôster.

O longa intitulado 'De Volta ao Sítio do Picapau Amarelo' contará uma história original, com todos os personagens clássicos e novos, também do universo criado pelo autor.

Pôster de 'De Volta ao Sítio do Picapau Amarelo' divulgado pela Clube Filmes. (Crédito: reprodução / Clube Filmes)

A direção ficará a cargo de Fabrício Bittar (da série 'Bugados', do Gloob), que também vai trabalhar no roteiro junto ao escritor Jim Anotsu. Ele está bem empolgado com o projeto.

"Primeiro poster do filme do 'Sitio do Picapau Amarelo'. Filme com roteiro meu e direção do Fabrício Bittar. Eu estou tão feliz de divulgar isso. Muito, muito feliz", disse ele nas redes sociais.

"Muito orgulho de participar disso. E muito trabalho até aqui. Desde o começo, quando eu escrevia à mão e depois numa máquina de escrever Remington 100 emprestada. Como cantou Post Malone: "Worked so hard forgot how to vacation" (em tradução livre: trabalhe tanto até esquecer como é ter férias)", completou.

Monteiro Lobato e polêmicas

Não é de hoje que o autor brasileiro Monteiro Lobato sofre críticas por ter escrito obras racistas. No mês passado, a BBC fez uma reportagem contando sobre a tentativa do escritor de vender o livro 'O Presidente Negro' para o mercado norte-americano, em 1920.

Lobato foi rejeitado pois o conteúdo foi considerado preconceituoso, tendo fortes referências à eugenia - movimento científico e social que defendia a ideia de “raça pura”, que foi adotado por Adolf Hitler.

No livro 'Um País se Faz com Tradutores e Traduções: A Importância da Tradução e da Adaptação na Obra de Monteiro Lobato', o escritor e tradutor britânico John Milton reflete sobre as obras do brasileiro e conta sobre o episódio dos Estados Unidos.

Monteiro Lobato. (Crédito: domínio público / Wikimedia Commons)

"Lobato se via como um novo H. G. Wells, mas os temas centrais (a segregação completa entre brancos e negros, a tentativa dos brancos de esterilizarem os negros e a influência da eugenia, sugerindo que os brancos fossem superiores aos negros) eram sensíveis demais para qualquer editora norte-americana se arriscar", escreve Milton.

Reações

No Twitter, essa discussão tem ganhado cada vez mais forma e as pessoas estão começando a notar os problemas nos personagens de Monteiro Lobato. Nem mesmo 'Sítio do Picapau Amarelo' saiu ileso desse tópico.

Com o anúncio do lançamento do filme muitos usuários da rede social se manifestaram contra essa ideia. "Racista tem que ser despido de qualquer prestígio histórico, que Monteiro Lobato seja lembrado pelo que ele era, um preconceituoso", 9" target="_blank">escreveu um internauta.

6" target="_blank" rel="noreferrer noopener" aria-label="Outro usuário do Twitter (abre numa nova aba)">Outro usuário do Twitter acredita que seja possível adaptar a obra de Lobato sem traços de preconceito, ao citar o escritor norte-americano autor britâncio H.P Lovecraf, que revolucionou o gênero do terror.

"Sim, Monteiro Lobato racista. Sabe quem era também? Lovecraft. Negócio é saber adaptar, pensar as questões do jeito certo. Gosto de pensar que essa produção pode fazer isso".

Com o roteiro de 'De Volta ao Sítio do Picapau Amarelo' já pronto, as filmagens devem começar em 2021 e em 2022 teremos a estreia. A equipe do filme não se manifestou sobre as críticas que o projeto já recebeu.


Raíssa BasílioRaíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

Raíssa Basílio
Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

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