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Crítica de 'A Grande Fuga': o privilégio de envelhecer
Inspirada em fatos reais, ‘A Grande Fuga’ (‘The Great Escaper’) dá um digno final às carreiras de Michael Caine e Glenda Jackson
Lalo Ortega | 03/07/2024 às 17:21 - Atualizado em: 03/07/2024 às 17:21
A Segunda Guerra Mundial tem sido tão explorada – e às vezes, imprudentemente embelezada – pelo cinema, que pode-se cometer o erro de tomar como garantido o que sobreviveu, privilegiados pela distância da retrospectiva. Mas há títulos do cinema bélico – vem à mente o documentário Eles Não Envelhecerão (2018), de Peter Jackson – que evocam a crueldade caprichosa da sorte em tempos de guerra: envelhecer é um privilégio. Essa sorte está no coração de A Grande Fuga (The Great Escaper), drama biográfico que estreou nos cinemas brasileiros em 27 de junho.
- Leia também: Crítica de MaXXXine: A vingança de Judy Garland
O filme é inspirado em fatos: em 2014, Bernard “Bernie” Jordan, veterano do Dia D, escapou do asilo de idosos na Inglaterra onde vivia com sua esposa, Irene, para viajar à França e assistir às celebrações pelo 70º aniversário do desembarque que mudou o rumo da guerra. No entanto, ele fez isso sem avisar a ninguém, então o pessoal do asilo pediu ajuda à polícia para uma busca assistida pelo Twitter. Quando descobriram seu paradeiro, a história viralizou e Bernie se tornou uma celebridade.
É uma anedota terna, emotiva, que poderia se prestar ao sentimentalismo mais grosseiro ou até mesmo à comédia, como apresentado em alguns dos materiais promocionais do filme. E sim, por momentos, isso acontece. No entanto, graças em grande parte às atuações finais de Michael Caine e Glenda Jackson, A Grande Fuga é ocasionalmente elevado acima desse nível, e o roteiro de William Ivory tem coisas a dizer sobre a idealização da guerra.
Uma digna despedida para Michael Caine e Glenda Jackson
Ivory e o diretor, Oliver Parker (O Retrato de Dorian Gray), tentam expandir a anedota em direção ao drama e, acima de tudo, à introspecção. Nem sempre conseguem, e também não são ajudados pela edição de Paul Tothill (Orgulho e Preconceito), que decide cortar em momentos estranhos: interrompe cenas onde seria melhor deixar os silêncios, as expressões, ou a simples sequência lógica da ação.
Felizmente, estão Caine e Jackson nos papéis principais que, além disso, são os encerramentos respectivos de suas carreiras: ele decidiu se aposentar, e ela faleceu no ano passado. E embora a anedota que inspira A Grande Fuga seja a história de Bernie, a adaptação, sabiamente, dá o mesmo peso a Irene (ou “Rene”, como é conhecida nesta versão).

Ela é tanto âncora emocional de Bernie, como substituta do público. É a travessia de Bernie que nos fala sobre os horrores e traumas da guerra (mais sobre isso, em breve). Mas é Rene, no asilo, que proporciona os vislumbres necessários do amor da juventude e da iminência da morte para podermos sentir os sacrifícios de suas vidas.
Não seria exagero dizer que os momentos mais importantes e emotivos de A Grande Fuga são proporcionados por Glenda Jackson, que facilmente traz os matizes e a profundidade necessários à sua interpretação para evitar o sentimentalismo barato.
Curiosamente, o Bernie de Caine é ofuscado por Jackson e por um personagem secundário com um arco narrativo breve, mas bem definido e completo, cujo propósito real é ser um catalisador para as memórias e pensamentos do protagonista.
É difícil conectar com Bernie como protagonista por boa parte do filme, e em parte é graças ao fato de que o roteiro evita seus traumas e culpas até já entrarmos no último ato. E são, também é preciso dizer, um tanto óbvios para mantê-los em ambiguidade por tanto tempo.
Felizmente, Caine também traz profundidade em sua interpretação. E não só isso, A Grande Fuga tem algo a dizer sobre como se representa os veteranos nesse tipo de histórias.
A Grande Fuga: contra a idealização da guerra
Que fique claro que nunca deixará de ser importante lembrar e legar a história: é o que deve evitar que a repitamos (esperançosamente). E as guerras (sobretudo a que nos concerne, em que se lutou contra os ideais tiranos dos nazistas) implicam em sacrifícios incalculáveis que merecem ser reconhecidos e honrados.
A paradoxo é que, com o passar do tempo, honrar se torna celebrar, e isso se degrada em uma idealização perigosamente banal. O sacrifício se converte em um heroísmo cuja vaidade não satisfaz aos honrados, mas sim aos que os admiram.

Nos momentos mais poderosos de A Grande Fuga, Bernie e Rene falam sobre a verdade da guerra, sua brutalidade aleatória, caótica e sem sentido, que tirou a vida de uns e perdoou outros. Milhões foram sacrificados ao abismo da defesa contra a tirania. Qual é o heroísmo de ter estado no lugar onde as bombas não caíram, por ditado da sorte? É ela, cruel e arbitrária, que decidiu quem poderia levar vidas completas até a velhice.
O protagonista lida com uma culpa não resolvida, sem dúvida. Mas seu argumento desperta perguntas sobre as formas como recriamos e representamos a guerra na tela, com sentimentalismos e idealizações que, às vezes, ameaçam tornar desejável sua repetição.
Se algo deve nos deixar A Grande Fuga, além de duas dignas despedidas a duas lendas, é a importância de dar voz a quem viveu os horrores na própria carne, sem os adornos, sentimentalismos e manipulações das convenções dramáticas comerciais.
A Grande Fuga já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Compre seus ingressos.

Lalo Ortega é um crítico mexicano de cinema. Já escreveu para publicações como EMPIRE em español, Cine PREMIERE, La Estatuilla e mais. Hoje, é editor-chefe do Filmelier.

Lalo Ortega é um crítico mexicano de cinema. Já escreveu para publicações como EMPIRE em español, Cine PREMIERE, La Estatuilla e mais. Hoje, é editor-chefe do Filmelier.
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