Como é a vida de uma aeromoça em uma companhia aérea de baixo custo? Essa é a história de Bem-vindos a Bordo, filme da dupla Emmanuel Marre e Julie Lecoustre que mostra o dia a dia de Cassandre (Adèle Exarchopoulos) no avião enquanto foge dos problemas com a família e da falta de qualquer relação verdadeira — seja com amigos ou interesses amorosos. Com ótima atuação da atriz francesa, o filme ainda encontra espaço para refletir sobre a precarização dos serviços e como as pessoas são afetadas nesses processos. Um bom drama francês que deve cativar e emocionar.
“Viagens no tempo propiciadas pelo olfato” são uma ideia tão estranha que não deveria funcionar em um thriller queer sobre um impactante crime no passado que transforma a vida de uma família. No entanto, não há outra forma de descrever Os cinco diabos, da diretora Léa Mysius (roteirista de Paris, distrito 13). Com fenomenais atuações de Adèle Exarchopoulos (Azul é a Cor Mais Quente), Swala Emati e a pequena Sally Dramé, a película conta a história de uma mulher (Exarchopoulos), seu marido e sua filha (Dramé), cujas vidas são alteradas pela reaparição de sua cunhada (Emati), que tem um passado com ela, e que a menina começa a descobrir viajando para o passado. Trata-se de uma estranha (mas poderosa) história de realismo mágico que transcende gêneros – passa do thriller ao romance até à fantasia– e que explora como nossas lutas pessoais podem ter efeitos irreparáveis em nossos vínculos afetivos.
Pode-se dizer que ‘Azul é a Cor mais Quente’ é um dos filmes mais polêmicos e provocativos dos últimos tempos. Polêmicos pois o diretor, Abdellatif Kechiche, foi acusado pelas protagonistas Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux de serem obrigadas a filmar cenas intensas de sexo ao longo de horas, sem proteção ou pausas. E provocativo pois o filme, vencedor da Palma de Ouro de Cannes em 2013, traz uma história fora dos padrões sobre um romance avassalador entre duas garotas. Indo além de méritos da direção de Kechiche, o filme acaba sendo das duas atrizes, que carregam todas as transformações e complexidades de suas personagens nas costas. É um filme intenso, com momentos fortes e explícitos, mas que acaba trazendo uma boa história de relações e descobertas.